Para quem está, como eu, confeccionando seu memorial.
Foucault, traduz o que é realizar um trabalho crítico do pensamento sobre o próprio pensamento e o que é buscar saber de que maneira e até onde seria possível pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe. A partir deste pano de fundo é possível tratar da trajetória acadêmica.
“Quanto ao motivo que me impulsionou foi muito simples. Para alguns, espero, poderá ser suficiente por ele mesmo. É a curiosidade em todo o caso a única espécie de curiosidade que vale a pena ser praticada com um pouco de obstinação: não aquela que procura assimilar o que convém conhecer, mas a que permite separar-se de si mesmo. De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos e não de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na vida onde a questão é saber se se pode pensar diferente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir. Talvez me digam que estes jogos consigo mesmo têm que permanecer nos bastidores, e que no máximo eles fazem parte desses trabalhos de preparação que desaparecem por si sós a partir do momento em que produzem seus efeitos. Mas o que é filosofar hoje em dia – quero dizer, a atividade filosófica – senão o trabalho crítico do pensamento sobre o próprio pensamento? Se não consistir em tentar saber de que maneira e até onde seria possível pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe? “(M. FOUCAULT)
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